" A partir de amanhã não corro mais
para atender o telefone
a caixa de fotos vou colocar
na última prateleira do armário
onde só alcançarei com muito
esforço e escada
a partir de amanhã não abro mais
o correio eletrônico
nem voo até a sua letra no
alfabeto, não haverá encontro
não passarei mais pela sua rua
a partir de amanhã
nem na vizinhança, atalharei por outro bairro
não há necessidade e meu coração
não é de confiança
a partir de amanhã interrompo o
surto e esqueço a placa do seu carro
não há perigo de eu sonhar com você,
a partir de amanhã
não durmo mais, e as músicas
que eu escutava, evitarei
já não te velarei,
a partir de amanhã saio do luto"
— Martha Medeiros—
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